“As discussões sobre inteligência artificial já estão se tornando repetitivas, isso é fato. Mas ainda não vemos uma aderência significativa nos processos cotidianos em empresas brasileiras”, afirma Luis Lobão, conselheiro de empresas e palestrante internacional, ex-diretor da HSM Educação Corporativa e coordenador técnico de missões ao Vale do Silício e China, com 14 livros publicados em temáticas relacionadas à inovação em gestão de empresas.
O profissional defende que, para obter vantagem competitiva, bons líderes devem sempre olhar para o futuro e identificar oportunidades antes que elas se tornem corriqueiras. E entender as possibilidades do uso da inteligência artificial está no topo da lista de prioridades no momento.
Entraves para aderência de IA em empresas brasileiras
Segundo Lobão, a demora de empresas brasileiras em agregar ferramentas de inteligência artificial em seus processos diários está diretamente relacionada com uma carência inerente à busca por conhecimento.
“A gente estuda pouco e quer fórmulas mágicas. A IA é um recurso que precisa ser aprendido, não está pronto. É preciso entender como conversar com ela e fornecer as informações corretas para receber o resultado esperado”, explica.
A grande vantagem no momento atual no que diz respeito à IA, de acordo com o palestrante, é que não é mais preciso ser um programador para poder utilizá-la.
“O uso da linguagem coloquial no prompt, ao invés do código, foi pensado para democratizar a tecnologia”, diz. No entanto, ele entende que as pessoas ainda não conseguem usar de forma adequada.
O Brasil está em 57º lugar no ranking de capacidade de gestão mundial do IMD (World Competitiveness Yearbook – 2024), entre 67 países avaliados. Lobão relaciona esse fato com o engessamento de processos ainda testemunhado em grande parte das empresas brasileiras.
“A IA não serve só para fazer pequenos textos. Seja áudio, vídeo, texto, ou dados, hoje em dia, a ferramenta é capaz de apoiar em qualquer área da organização”, afirma.
IA ainda é tratada como inimiga
O palestrante compartilha impressões e comentários de ouvintes após seus painéis. “Temos duas reações principais, normalmente contrárias ao uso de IA. A primeira é a que o trabalhador que usa a tecnologia é preguiçoso. Isso não é verdade. É preciso ter conhecimento para ser capaz de utilizá-la e isso deveria ser uma competência desejável em colaboradores”, diz.
O segundo ponto é a premissa de que a IA vai tomar empregos. “De fato, ela vai acabar com empregos medíocres e repetitivos. Como em todas as revoluções tecnológicas que vivemos historicamente, o profissional precisa evoluir para se manter relevante no mercado de trabalho. Mas isso não é necessariamente negativo. Tudo o que é digno da máquina, é indigno do ser humano.”
Aprendendo a usar ferramentas de IA
Lobão explica que a inteligência artificial não é uma ferramenta de pesquisa, mas uma forma de construir pensamentos complexos em conjunto com a tecnologia. “Se você quer uma resposta para uma pergunta pontual, não use a IA. Ela é feita para situações que chamamos de NORA: No One Right Answer (quando não existe uma resposta objetiva pontual). É preciso dialogar com a IA para alcançar o resultado desejado.”
O especialista vai tratar do tema durante o Conexão WK, um evento promovido pela WK, empresa especializada em ERP e gestão corporativa, durante os dias 12 e 13 de setembro em Blumenau/SC. O evento oferecerá mais de 50 palestras e painéis sobre diversos outros temas relevantes no universo da gestão empresarial na atualidade, como estratégias de ESG, Inteligência Artificial, Hiperautomação Financeira, Gestão de Riscos, Inovação, Planejamento e Estratégia, Liderança, entre vários outros.
Fonte: WK
Fonte: Portal Contábeis