Contábil

Caso Americanas: a fraude bilionária por trás das promoções

A varejista Americanas (AMER3) divulgou nesta terça-feira (13) mais detalhes a respeito de irregularidades financeiras bilionárias detectadas em seu balanço, que estavam relacionadas a práticas de fraude associadas a “Verba de Propaganda Cooperada” (VPC) e “Risco Sacado”. Ambos os instrumentos são comumente utilizados no setor de varejo, mas nesta terça-feira a empresa expôs como foram mal utilizados para manipular o balanço.

Em um relatório público, a Americanas anunciou o desligamento de cinco de seus diretores, após as conclusões preliminares da investigação apontarem que as demonstrações financeiras foram manipuladas pela gestão anterior. O ex-CEO, Miguel Gutierrez, junto com outros seis ex-membros da diretoria e da equipe executiva, foram indicados como potenciais responsáveis pela fraude. A empresa agora planeja encaminhar os resultados das investigações às autoridades responsáveis, buscando a reparação dos danos causados.

A fraude gira em torno da VPC, um recurso que varejistas usam para dividir custos de publicidade para produtos de marcas específicas. O relatório indicou que a antiga diretoria registrava VPC para ações de marketing que, na realidade, nunca foram realizadas. Dessa forma, a empresa reduzia artificialmente a conta de fornecedores com valores inflacionados de VPC. De acordo com dados preliminares e ainda não auditados, esses registros fraudulentos totalizaram perdas de R$ 21,7 bilhões até 30 de setembro de 2022.

Outra irregularidade descoberta foi a contabilização inadequada de diferentes linhas de financiamento. Essas foram registradas na conta de fornecedores, em vez de serem declaradas como dívidas. Essa prática distorceu o real grau de endividamento da Americanas. O documento aponta que as operações de financiamento de compras (risco sacado) totalizaram R$ 18,4 bilhões e as operações de financiamento de capital de giro chegaram a R$ 2,2 bilhões.

A investigação também identificou lançamentos redutores da conta de fornecedores que surgiram de juros sobre operações financeiras. Estes lançamentos deveriam ter passado pelo resultado da empresa, na linha do custo da dívida. Estes totalizaram R$ 3,6 bilhões, de acordo com números preliminares.

As investigações ainda estão em andamento, e é possível que novas fraudes possam ser descobertas, além de outros envolvidos. A divulgação atual da empresa também é uma resposta à pressão da CPI na Câmara dos Deputados, que procura agilizar os resultados da investigação.

Fonte: Portal Contábeis