“Fintech: você não é um banco”, provoca Luiz Penha, fundador da Avanter e Nextcode. Para o profissional, bancos são instituições que estão constantemente preocupadas em ter um montante financeiro alto, um volume transacional elevado e uma equipe totalmente dedicada a isso.
Já o posicionamento de uma fintech deve abrir oportunidades de direcionamento que bancos não desfrutam. “Ser um banco é uma responsabilidade muito maior, exige uma equipe e uma capacitação que vai além de seguir algumas regras básicas da regulamentação de hoje”, afirma.
No cenário econômico atual, as fintechs desempenham um papel cada vez mais relevante na inovação e na descentralização do setor financeiro. O tema foi discutido durante a última edição do Conexão Inovafin, evento focado em promover a inovação dentro das Instituições Financeiras, de pagamento e fintechs no Brasil. Na ocasião, Luiz Penha e Rodrigo Della Rocca, CEO da Condoconta, discutiram os desafios e oportunidades que surgem para as startups financeiras no Brasil.
Rodrigo Della Rocca, por sua vez, comentou sobre a experiência da Condoconta em concorrer com grandes bancos, especialmente no segmento de gestão de recursos condominiais. Ele apontou que a agilidade e o foco em nichos de mercado são as principais vantagens competitivas das fintechs.
“O grande banco não consegue olhar para nichos, e isso passa a ser uma vantagem competitiva para nós. Somos mais rápidos e leves, o que nos permite criar soluções mais específicas e ágeis”, explica Rodrigo. No entanto, ele reconheceu os desafios de operar com grandes volumes financeiros: “No final do dia, os recursos dos condomínios ainda estão custodiados em dois grandes bancos, que são nossos concorrentes diretos.”
O debate também abordou a capacidade de fintechs sobreviverem a negociações com grandes instituições financeiras. Penha relatou as dificuldades de entrar no mercado e estabelecer parcerias com empresas consolidadas, citando uma conversa com um executivo da B3.
“Para entrar na B3, você precisa ter fôlego para aguentar seis meses de negociações. Caso contrário, nem tente negociar. É um processo doloroso, e muitas vezes, você acaba morrendo no caminho. Não por falta de qualidade no seu produto, mas por não ter uma estrutura robusta o suficiente para aguentar o ritmo das grandes instituições”, afirma.
Felipe Santiago, cofundador da CashWay, também acrescenta insights sobre as vantagens que as fintechs desfrutam. “Enquanto os grandes bancos estão atrelados a sistemas legados e processos mais rígidos, as fintechs conseguem se mover com rapidez, adaptando-se às mudanças regulatórias e tecnológicas de maneira muito mais ágil. Isso dá às fintechs a flexibilidade necessária para se destacar em mercados de nicho e oferecer soluções mais inovadoras aos clientes”, observa.
Outro ponto de destaque foi o impacto das recentes inovações regulatórias no Brasil, como o sistema Pix e a chegada do Drex (Real Digital). Para Penha, o Drex traz a promessa de mais controle sobre o dinheiro físico que ainda circula fora do sistema financeiro formal. “O Drex é uma tentativa de converter o dinheiro que está debaixo do colchão em moeda digital. Isso dará ao governo mais controle e facilitará a regulamentação. No entanto, no final do dia, ele nada mais é do que a transição da casa da moeda para uma moeda digital”, comenta Penha.
Della Rocca complementou, destacando o potencial impacto do Drex no mercado imobiliário e condominial. “Vemos o Drex tendo um grande impacto na transação imobiliária, especialmente com a tokenização de ativos. Quando olhamos para a matrícula de um imóvel e sua valorização, há muitas inconsistências, e acreditamos que o Drex pode ajustar isso, proporcionando mais clareza e eficiência nas transações”, diz.
O painel concluiu com um consenso: apesar dos desafios, a nova geração de fintechs está transformando o mercado financeiro ao trazer agilidade, inovação e um olhar mais atento para nichos específicos, ao mesmo tempo em que lida com a complexidade de competir com gigantes do setor.
Fonte: CashWay
Fonte: Portal Contábeis