Três anos após o início das operações do Open Finance no Brasil, o sistema que revolucionou o mercado financeiro nacional segue em ritmo gradual de crescimento. Dados do Open Finance Brasil apontam que, até março deste ano, já foram registrados 43 milhões de consentimentos ativos e 28 milhões de consentimentos únicos ao sistema, tido como referência global de implantação.
Porém, apesar dos avanços, os próximos passos para a evolução do Open Finance no país também são marcados por alguns desafios. E os principais deles relacionados tanto ao aumento da confiança no sistema por parte dos usuários quanto às necessidades de inovações tecnológicas por parte das empresas.
“Mostrar o valor do Open Finance aos usuários, bem como seus benefícios após o compartilhamento das informações, deve ser um processo fluido e seguro, e de conhecimento de todos os clientes das instituições. Superada essa etapa, o desafio se volta para a tecnologia e a agilidade para implementação de novos processos em um curto espaço de tempo. Isso porque a agenda de regulações do Banco Central do Brasil é intensa, o que exige um equilíbrio entre o tempo gasto na adequação ao regulatório versus o tempo gasto na construção de novos casos de uso”, pondera Rafael Isquierdo, Product Manager da Sensedia.
Segundo levantamento realizado por especialistas da Sensedia, multinacional brasileira de tecnologia que atua como consultora de confiança da Estrutura Inicial do Open Finance Brasil com o Banco Central, entre as quatro principais tendências em ascensão para o futuro do Open Banking no Brasil, estão:
1) Business Financial Management
O compartilhamento de dados via Open Finance possibilitou aos bancos a criação de soluções ainda mais robustas, que estão ajudando seus clientes, na condição de pessoas físicas, a gerirem melhor suas finanças.
Nesse sentido, um dos principais casos de uso do Open Finance foi a implementação do Personal Financial Management, que se trata de uma ferramenta que ajuda os consumidores a gerenciar suas finanças pessoais de forma eficaz
“No último ano, diversas instituições e fintechs vem explorando os dados do Open Finance a fim de oferecerem a melhor experiência de gestão financeira, para que seus clientes busquem a principalidade, ou seja, uma experiência multibancarizada dentro do aplicativo do seu banco principal, por meio do qual agora é possível fazer uma gestão em 360°de suas finanças pessoais”, explica.
Ainda segundo o executivo, para 2024, espera-se um avanço do Personal Financial Management para o Business Financial Management, com foco em pequenas e médias empresas, nas quais é comum a gestão de diversas contas em bancos distintos.
“Os sistemas de gestão financeira, com uso de inteligência de dados, parece ser uma promessa de casos de uso de sucesso dos dados do Open Finance no Brasil e devem continuar liderando as novidades do mercado para os próximos anos”, complementa.
2) Jornadas de pagamentos inteligentes
Outra tendência para 2024, essa por sua vez muito direcionada pelo regulador, é a implementação das jornadas de pagamentos inteligentes.
“O regulador vem demonstrando interesse em expandir os casos de uso do PIX dentro do ecossistema de Open Finance, trazendo o conceito de Pagamentos Automáticos e Transferências Inteligentes, cujo objetivo é oferecer aos participantes e à população novas maneiras de lidar com a etapa de pagamentos em diversos mercados, além do próprio mercado financeiro. A ideia é ousada, mas totalmente viável dado a base sólida regulatória construída até agora pela equipe do Open Finance e das instituições participantes”, pondera Isquierdo.
Prevendo impactar o pagamento de serviços de recorrência, como conta de luz, escola, academia, aplicativos de streaming de filmes, séries e vídeos, aplicativos de música e diversos outros, por meio do consentimento, os usuários poderão programar automaticamente a cobrança de débitos via PIX para diversos serviços do dia a dia.
“Outra novidade é a possibilidade de ocorrerem transferências automáticas entre as contas do mesmo proprietário, para que não haja “desperdício” em contas que não são muito movimentadas. Esse caso de uso busca, entre outras coisas, trazer comodidade àqueles clientes que possuem conta em mais de um banco, e precisam de ajuda para fazer a gestão dos saldos de uma forma mais eficiente”, complementa.
3) Inteligência Artificial para operações complexas
Com a tendência de aumento da concorrência por meio da abertura de dados bancários e financeiros via Open Finance, o surgimento de camadas de inteligência de dados sobre as regras de compartilhamento definidas deve trazer para o mercado novas experiências em atividades extremamente complexas, como a gestão financeira.
“Soluções baseadas em Inteligência Artificial podem auxiliar em determinadas operações, tais quais a otimização dos lucros e dividendos ou até o desenvolvimento do melhor planejamento em um cenário de endividamento, o que possibilitaria a diversas instituições auxiliarem os seus clientes a saírem do vermelho, por exemplo”, diz Isquierdo.
Segundo análise realizada pela Accenture, o uso da Inteligência Artificial poderá ajudar as instituições bancárias a aumentarem em até 6% suas receitas e entre 20 e 30% a produtividade, fazendo com que os bancos precisem utilizar não só a nuvem e os dados de forma eficaz, como também repensar o trabalho e o talento.
4) Integrações baseadas em APIs
Trilhos que conectam todas as informações disponíveis no mercado – e que até pouco tempo eram de uso restrito de uma ou outra instituição financeira –, através das APIs (Interfaces de Programação de Aplicação, em tradução literal), a interoperabilidade entre bancos e fintechs está tomando um rumo totalmente promissor e que promete revolucionar a maneira como lidamos com nosso dinheiro.
“As APIs simplificam o processo de coleta de dados dos clientes em diferentes instituições, permitindo que as organizações se concentrem no tratamento desses dados para engajar mais seus clientes e aumentar a conversão de produtos financeiros. De posse de tais informações, as instituições podem ainda criar oportunidades adicionais de receita e fortalecer sua posição competitiva no mercado”, ressalta.
Fonte: Sensedia
Fonte: Portal Contábeis